A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, na segunda quinzena de abril, resultou na assinatura de 15 novos acordos comerciais, que tratam, principalmente, de cooperação para o desenvolvimento de tecnologias, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países, e ampliação das relações comerciais.
A nova leva de parcerias estabelecidas entre Brasil e China sucede à missão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao país asiático, realizada em março, na qual foram retomadas as exportações de carne bovina, iniciadas as tratativas para a liberação de novos produtos a serem comercializados, além de pactos na área de cooperação técnico-científica.
Entre as resoluções, também está o acordo que propõe a não utilização do dólar norte-americano nas negociações comerciais entre Brasil e China.
Quer saber mais? Continue a leitura e entenda o impacto para a economia mundial.
Como funciona o novo acordo comercial entre Brasil e China?
De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a relação entre Brasil e China alcançou um novo patamar após sua visita oficial ao país asiático. Lula afirmou que as nações estabeleceram novos laços em áreas como transição energética, mundo digital, educação e cultura.
A nova fase de cooperação entre os países teve início com a missão do Ministério da Agricultura e Pecuária à China, em março, em que foram firmados acordos que fortalecem as relações sino-brasileiras.
Entre as decisões, uma em especial gerou grande repercussão: Brasil e China estabelecerão uma instituição bancária que permitirá que as negociações entre os dois países sejam realizadas sem utilizar o dólar.
O acordo foi anunciado durante o Simpósio de Negócios, em Pequim, em 29 de março, e estabelece que os países poderão realizar transações comerciais sem a necessidade do uso da moeda norte-americana pelas empresas.
Permitindo que os negócios dispensem a liquidação via câmbio, as operações comerciais serão feitas diretamente do real para o yuan chinês (e vice-versa). A expectativa é aumentar a liquidez brasileira de yuan e expandir a moeda chinesa na reserva cambial do Brasil.
A criação de uma Clearing House operada no Brasil pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) permitirá a exclusão do dólar das transações comerciais entre as empresas brasileiras e a China, o que pode reduzir os custos de exportação e diminuir o preço dos produtos para os consumidores brasileiros.
O ICBC será, portanto, capaz de garantir aos empresários brasileiros a conversão imediata dos ganhos em real toda vez que decidirem fechar novos negócios em yuan. O acordo também dará maior previsibilidade às taxas de câmbio, com a redução de custos nessas transações, de acordo com o Ministério da Fazenda do Brasil.
O Bank of Communications BBM (Bocom BBM) será a primeira instituição credenciada a operar no Brasil a plataforma de pagamentos China Interbank Payment System (Cips), e espera-se que a compensação de operações entre Brasil e China sem o uso do dólar comece em julho.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, e o volume de transações entre os dois países atingiu um recorde de US$ 150 bilhões no ano passado, com US$ 90 bilhões exportados pelo Brasil e US$ 60 bilhões importados dos chineses. Embora não seja obrigatório que os empresários brasileiros realizem os pagamentos da nova maneira, espera-se que o acordo traga benefícios significativos para ambas as nações.
Qual o impacto para a economia mundial?
O acordo recém-estabelecido entre Brasil e China fortalece a posição política e econômica chinesa na corrida global pela liderança econômica. A China está buscando reduzir sua dependência do dólar e aumentar a circulação do yuan, como parte de sua agenda econômica para estabelecer um sistema monetário multipolar.
A estratégia representa um desafio para o monopólio econômico norte-americano, já que o dólar é a moeda utilizada em cerca de 88% das operações internacionais, enquanto o yuan representa apenas 7% dessas transações, de acordo com o Bank for International Settlements.
Seguindo o exemplo do Brasil, a Argentina anunciou, em 26 de abril, que pagará por suas importações chinesas em yuan, deixando de usar o dólar nas negociações. Em um contexto de desvalorização cambial no país sul-americano, a utilização da moeda chinesa nas relações comerciais pode ajudar a mitigar a pressão sobre a moeda argentina.
Embora o uso do dólar como moeda dominante na economia global não esteja necessariamente com os dias contados, ele está sendo questionado cada vez mais. O acordo Brasil-China é apenas um exemplo do cenário incerto da corrida global pela liderança econômica.
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