Nos bastidores do cenário econômico global, uma das moedas mais emblemáticas e historicamente influentes é a libra esterlina. Ao longo dos séculos, a moeda britânica desempenhou um papel fundamental nas relações comerciais, nas finanças internacionais e até mesmo na geopolítica.
No entanto, nos últimos anos a libra esterlina tem enfrentado um período de flutuações cambiais significativas, despertando a curiosidade e a atenção dos observadores financeiros e dos investidores.
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Libra esterlina: um breve histórico
A história da libra esterlina está intimamente ligada ao desempenho secular da Inglaterra enquanto poderoso centro comercial e financeiro. Sua origem remonta ao século 8.º, durante o reinado do rei Offa de Mércia, quando as primeiras moedas de prata esterlina foram cunhadas.
Ao longo dos séculos, a libra esterlina consolidou-se como uma das principais moedas de reserva do mundo e desempenhou um papel crucial no comércio internacional. Durante o período da rainha Elizabeth I, a libra esterlina ganhou ainda mais reconhecimento e se tornou a moeda oficial da Inglaterra em 1560.
O nome "libra" deriva da palavra latina "libra pondo", que significa "uma libra em peso". Esse termo foi adotado por causa da prática antiga de pesar moedas de prata para determinar seu valor. O símbolo da libra (£) é derivado da letra "L" do alfabeto romano, que representava o número 50, um dos valores utilizados nas primeiras moedas esterlinas.
Com o tempo, a libra esterlina evoluiu em termos de design e segurança das notas em circulação. Atualmente, as cédulas são emitidas em diferentes denominações, incluindo £ 5, £ 10, £ 20 e £ 50. Cada cédula possui imagens distintas, que representam figuras históricas ou elementos culturais britânicos.
Ao longo de sua história, a libra esterlina passou por diferentes períodos marcantes. Durante o século 19, a moeda britânica estava fortemente ligada ao padrão-ouro, o que significava que seu valor era diretamente vinculado ao valor dessa commodity. Tal período foi caracterizado por uma significativa estabilidade monetária, impulsionada pela influência econômica e política do Império Britânico.
Em seu auge, já foi a principal moeda do mundo, quando o Império Britânico abrangia cerca de um terço da população global, aproximadamente 20% da extensão territorial do planeta e um terço das águas do mundo. No entanto, ao longo do tempo, a libra esterlina perdeu sua posição de destaque, sendo gradualmente substituída pelo dólar norte-americano no período entre as duas Guerras Mundiais.
Atualmente, embora ainda seja uma das cinco moedas mais negociadas no mercado internacional, ao lado do dólar, euro, iene japonês e franco suíço, a libra tem apresentado um desempenho volátil.
Um exemplo disso ocorreu no início da pandemia, quando a libra esterlina registrou uma queda mais acentuada do que o euro. Desde então, tem experimentado oscilações significativas em razão de problemas internos do Reino Unido.
Brexit, custo de vida e rei Charles: saiba mais
O Brexit teve um impacto significativo para a libra esterlina, gerando turbulência nos mercados cambiais. Na véspera de 24 de junho de 2016, pesquisas indicavam que o Reino Unido permaneceria na União Europeia (UE). No entanto, com o resultado desfavorável no referendo, a moeda sofreu uma queda acentuada em relação às demais.
Curiosamente, alguns meses depois, durante o pregão asiático, a moeda inglesa foi afetada por um "flash crash" repentino, experimentando uma desvalorização expressiva em um curto período de tempo.
A confiança dos investidores na capacidade do governo em lidar com a crise tornou-se uma questão crucial. Discursos que criticavam o ambiente de negócios, juntamente com questões relacionadas à imigração, afetaram a reputação britânica.
E, apesar de a rainha Elizabeth II ter comemorado 70 anos de reinado antes de seu falecimento, o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, que prometeu concluir o Brexit, renunciou no meio do ano de 2022. Ele foi o terceiro primeiro-ministro a deixar o cargo em um período de apenas seis anos. Sua sucessora, Liz Truss, também renunciou ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido após apenas 45 dias no posto.
Assim como em outras partes do mundo, o Reino Unido enfrenta altas taxas de inflação, desencadeando uma série de greves trabalhistas e um baixo crescimento econômico.
Enquanto isso, a grande riqueza e o estilo de vida luxuoso da família real contrastam fortemente com a realidade vivida pela maioria das pessoas no Reino Unido atualmente.
Em 2022, a libra esterlina atingiu uma baixa recorde, quando investidores reagiram aos planos orçamentários da então primeira-ministra Liz Truss. No entanto, recentemente, a moeda registrou seu nível mais alto em 10 meses em relação ao dólar norte-americano, chegando a US$ 1,25 pela primeira vez desde junho de 2022.
Mas, afinal, o que explica o atual desempenho do câmbio do Reino Unido?
Embora o Reino Unido represente aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, cerca de 10% de todas as transações em moedas estrangeiras ainda têm a libra esterlina como referência. Dada a importância da libra no cenário internacional, é intrigante compreender os fatores por trás de suas oscilações cambiais.
Recentemente, a libra alcançou um desempenho notável em relação a outras moedas desenvolvidas, avançando cerca de 3,3% em relação ao dólar desde o início de 2023. Mas, afinal, o que explica o atual desempenho do câmbio do Reino Unido?
De modo abrangente, a valorização da libra esterlina tem sido impulsionada por diversos fatores. Em primeiro lugar, a inflação britânica superando os 10% tem levado muitos investidores a acreditar que o Banco da Inglaterra (BoE) vai adotar uma política monetária de aumento dos juros, contribuindo para o fortalecimento da moeda.
Além disso, a economia do Reino Unido tem apresentado, em certa medida, um desempenho mais robusto do que o previsto. Estima-se que a atividade econômica tenha crescido 0,1% nos últimos três meses de 2022, superando as estimativas anteriores de estagnação. Em janeiro de 2023, houve um aumento estimado de 0,3% no Produto Interno Bruto, após uma queda de 0,5% em dezembro de 2022.
Paralelamente, a incerteza em relação aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) tem afetado negativamente o dólar. A preocupação com as políticas monetárias do Fed e as consequências da falência do Silicon Valley Bank (SVB) geraram um temor em relação à situação do setor financeiro global, o que também tem contribuído para a queda do dólar.
Esses fatores combinados têm influenciado as flutuações cambiais, impulsionando o desempenho positivo da libra esterlina.
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